A Polícia Civil localizou, na manhã desta sexta-feira (22), uma máquina de cigarros semelhante ao equipamento de 5 toneladas furtado em fevereiro do ano passado da Cidade da Polícia. A máquina foi encontrada em um galpão do Mercado São Sebastião, na Penha, Zona Norte do Rio.
Uma perícia realizada pela Polícia Civil vai confirmar se o equipamento é o mesmo. A máquina, que tem seis metros de comprimento, é capaz de produzir 2,5 mil cigarros por minuto e estava escondida debaixo de uma lona.
A ação contou com agentes da Corregedoria da Polícia Civil e da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco).
Fontes ouvidas pelo g1 dizem que alguns policiais que foram lotados na Delegacia de Roubo de Cargas estão sendo investigados pelo crime.
Perícia
De acordo com a polícia, a perícia foi necessária porque o equipamento foi pintado de outras cores.
A ação aconteceu após o juiz Orlando Eliazaro Feitosa, de plantão no Tribunal de Justiça do Rio, determinar uma busca e apreensão no local.
Na representação de busca no local, a Polícia Civil relata ter aberto um inquérito para apurar o furto da máquina, que ainda tem a autoria desconhecida. A localização do equipamento foi fornecida a partir de uma ligação para o Disque-Denúncia nesta quinta-feira (21).
Crime
Quando foi levada da Cidade da Polícia, a máquina estava guardada num galpão onde fica o depósito de bens apreendidos da Delegacia de Cargas, que fica nos fundos do complexo.
O equipamento havia sido apreendido numa operação realizada em julho de 2022, em uma ação de outra unidade, o Departamento-Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro.
A investigação era contra um grupo que mantinha 23 paraguaios e um brasileiro em situação análoga à escravidão. Os trabalhadores eram obrigados a trabalhar numa fábrica clandestina de cigarros, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Não recebiam salário e eram impedidos de sair da fábrica.
Todo o material apreendido, entre eles, a máquina modelo MK8 PA7, usada na fabricação dos cigarros, foi levado para ser guardado com a Delegacia de Cargas. Um equipamento valioso à indústria do cigarro, capaz de produzir 2,5 mil cigarros por minuto.
A máquina ficou bem guardada lá por pouco mais de sete meses. Por determinação da 3ª Vara do Trabalho de Caxias, onde tramita o processo, ela foi vendida em um leilão. Parte do valor da venda seria revertido para projetos sociais.
O leilão aconteceu no dia 8 de fevereiro do ano passado. A empresa que venceu a disputa online, a Indústria Amazônica de Cigarros Ltda, comprou o equipamento por R$ 550 mil.
No entanto, uma semana depois, na madrugada do dia 17 de fevereiro, uma quinta-feira véspera de carnaval, a máquina foi furtada.
O sumiço só foi descoberto em junho, quando um oficial de Justiça esteve na Cidade da Polícia, na companhia do representante da empresa vencedora para verificar as condições do bem comprado.
Ao chegarem ao depósito, não encontraram a máquina.
Mercado São Sebastião
Inaugurado em 1962, o Mercado São Sebastião, às margens da Avenida Brasil, foi um dos maiores atacadistas de gêneros alimentícios do país, mas foi afetado pela favelização e pela violência na década de 90, o que provocou uma queda de 60% em seu movimento.
Além do surgimento de barracos nas ruas e da ocupação de seus depósitos pelo tráfico de drogas, o complexo não recebeu investimentos por mais de dez anos, devido a uma briga judicial entre a prefeitura e a Sociedade de Desenvolvimento de Mercados (Sodeme) pela posse da área.
A prefeitura venceu a batalha em 2009, quando deu início a um processo de revitalização. No entanto, a reestruturação do local não saiu do papel e o espaço está abandonado atualmente.