O que o Golpista do Tinder usava para manipular suas vítimas

Rio de Janeiro

Em uma troca de mensagens, Caio Henrique Camossatto falou para X., uma de suas vítimas, que não será identificada, que sua vida dependia dela. A conversa aconteceu cerca de três meses após o início do relacionamento dos dois, em outubro de 2022. Eles se conheceram em um aplicativo de relacionamento. Caio foi preso no último dia 22, pelo crime de estelionato. Ele é investigado por golpes contra, ao menos, 11 mulheres. X., por exemplo, perdeu R$ 890 mil.

Em uma das mensagens ele diz: “Vende esse carro hoje, amor. Eu te peço, pelo amor de Deus”. A vítima responde que tentará “tudo”. Logo em seguida, Caio diz que confia nela, e “apenas” nela para resolver o problema financeiro. Por fim, diz que sua vida está nas mãos dela.

Personas

Fazendeiro rico, produtor musical, ator. Estas eram algumas “personas” que Caio Henrique da Silva Camossatto apresentava em aplicativos de namoro. Por trás dos personagens, porém, estava a intenção de aplicar golpes nas mulheres que seduzia através das plataformas. Somados, os valores que ele conseguiu com 11 mulheres identificadas — sob o pretexto de que devolveria as quantias — passam de R$ 1,8 milhão. Segundo as investigações da Polícia Civil fluminense, Caio sensibiliza suas vítimas com um cenário falso para que, assim, conseguisse pedir dinheiro emprestado, com a promessa de que pagaria posteriormente a quantia.

— Como todo estelionatário, ele é uma pessoa que se dedica a enganar as vítimas. Então, para isso, ele estuda um pouco a vítima, vê as características, o que ela gosta ou não. Dentro desse estudo, ele vai se adequar. Ele é como se fosse um camaleão. Ele é o cara mais família. Se a vítima for uma pessoa um pouco mais aventureira, ele vai ser um baita aventureiro. Ele vai se moldando essa vítima. Para quê? Para ela entender que encontrou a sua alma gêmea — explica a advogada Jacqueline Valles, que representa X.