Os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, suspeitos de mandar matar a vereadora Marielle Franco, e o delegado Rivaldo Barbosa, suspeito de planejar o crime, presos neste domingo (24), não devem colaborar com as investigações, na avaliação de quem acompanha de perto o caso.
Contudo, uma possível colaboração pode depender de como cada um vai sentir o isolamento no presídio federal para onde foram levados. Os três negam as acusações que pesam contra eles.
Os suspeitos presos devem ser ouvidos depois da Páscoa pela força-tarefa de policiais federais e integrantes da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A força-tarefa de investigadores não suspeita de mais ninguém ligado ao planejamento e mando do assassinato de Marielle. Para os principais envolvidos nas apurações, a investigação chegou em quem deveria chegar.
A partir das apreensões na operação deste domingo, novas diligências serão feitas para finalizar a investigação. Ainda existem algumas questões para avançar sobre as motivações do crime. E pontas mais soltas devem ser amarradas, segundo quem acompanha de perto o caso.
A investigação leva a crer que especulação imobiliária e construção civil em áreas dominadas pela milicia no Rio podem ser os motivos que o assassinato de Marielle foi encomendado.
Existem pelo menos seis anexos do inquérito principal do caso Marielle referentes a outros assassinatos e outros crimes sobre os quais Ronnie Lessa assume participação durante as tratativas de delação premiada. São casos que envolvem a contratação dele para eliminar desafetos de bicheiros e milicianos, briga por domínio de território do bicho e da milícia.
Estes anexos ainda estão sob sigilo e servirão para abertura de novas investigações no Rio ou para alimentar processos criminais em curso e apurações que ficaram paradas, inconclusas por sabotagem de provas.
Estes casos não irão fazer parte da denúncia que será apresentada pela PGR contra os três acusados de ordenar e planejar o crime.
Investigações também serão abertas para aprofundar as suspeitas colhidas ao longo do inquérito do caso Marielle sobre o loteamento da polícia civil do Rio e pagamento de mesada a Rivaldo Barbosa para engavetar ou melar apurações de assassinatos.
Há casos graves de sumiço de provas, de sumiço de peças de inquéritos, de perícias não realizadas ou apagadas de apurações policiais.
A força tarefa vai mergulhar na promiscuidade entre politica e polícia no Rio.