BC deve baixar juro para 10,75% ao ano nesta quarta; mercado espera indicação sobre próximos passos

Econômia

Decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central sobre a taxa de juros será anunciada após as 18h. Com inflação pressionada e economia relativamente aquecida, mercado espera indicações sobre os próximos passos das decisões sobre a Selic.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne nesta quarta-feira (20) e deve reduzir a taxa básica de juros da economia de 11,25% para 10,75% ao ano. A decisão será anunciada após as 18h.

O corte de 0,5 ponto percentual é esperado pela maior parte dos economistas dos bancos. Se confirmada, essa será a sexta redução seguida na taxa Selic — que cairá ao menor patamar desde fevereiro de 2022, quando estava em 9,25% ao ano. Será, portanto, o menor nível em pouco mais de dois anos.

A expectativa do mercado financeiro é de que a taxa de juros continue recuando ao longo de 2024 e que termine este ano em 9% ao ano. Entretanto, há dúvidas sobre o ritmo de corte da taxa Selic e sobre as indicações do Banco Central sobre as reduções dos juros básicos

Como as decisões são tomadas

Para definir a taxa básica de juros e tentar conter a alta dos preços, no sistema de metas de inflação, o BC faz projeções para o futuro.

Neste momento, a instituição já está mirando na meta deste ano, e também para o primeiro e o segundo semestres de 2025 (em doze meses). Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.

  • A meta de inflação deste ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
  • A partir de 2025, o governo mudou o regime de metas de inflação, e a meta passou a ser contínua em 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5% sem que seja descumprida.

Diante desse cenário, os analistas do mercado, mesmo estimando uma redução dos juros para 10,75% ao ano nesta quarta-feira, aguardam o comunicado do Banco Central sobre os próximos passos das decisões sobre a taxa de juros. Nas últimas reuniões, o BC sinalizou cortes de 0,5 ponto percentual por, ao menos, dois encontros futuros – o que pode ser alterado.

“O BC deve adotar um tom mais cauteloso nesta reunião, retirando o comprometimento de novas quedas de mesma magnitude nas próximas reuniões, trazendo mais tranquilidade para o colegiado diminuir os ritmos de corte, caso necessário. Isso porque a inflação vem surpreendendo negativamente as expectativas do próprio Banco Central, que nos últimos três meses (dezembro, janeiro e fevereiro), foi acima do projetado pela instituição”, avaliou Pedro Oliveira, tesoureiro do Paraná Banco Investimentos.

Fabio Murad, sócio da Ipê Investimentos, citou os números positivos do mercado de trabalho.

“A criação de mais de 180 mil empregos formais em janeiro de 2024, comparado ao mesmo período do ano anterior, é um sinal de alerta. O Banco Central manterá vigilância, pois esse crescimento pode indicar uma economia aquecida. Isso potencialmente influenciará a trajetória da queda dos juros no Brasil, exigindo cautela e análise precisa para manter a estabilidade econômica”, disse ele.